A história do SATA Rallye Açores possui uma galeria invejável de vencedores, que comemora este ano o seu quinquagésimo aniversário. Mas não existem muitos como o tetra vencedor do Campeonato do Mundo de Ralis, Juha Kankkunen, que venceu este rali em 2001 tripulando um Subaru Impreza WRC. Juha tem vários recordes no seu nome e também uma vitória no SATA Rallye Açores. Trata-se do único piloto que venceu os seus títulos com diferentes fabricantes e também detém o recorde de velocidade – em gelo.
Juha, o que é que recorda do SATA Rallye Açores?
JK: “Atualmente, lembro-me muito bem. Foi em 2001 e até nem tínhamos feito muitos ralis nesse ano. Parei com a Subaru no campeonato do mundo e foi mesmo antes de iniciar com a Hyundai. Tivemos a oportunidade de ir aos Açores e fiquei muito feliz por isso. Lembro-me de provas especiais muito bonitos e de um rali fantástico. De facto, depois do rali, fiquei mais algum tempo e dei a volta à ilha em bicicleta gozando de algum descanso. Não é uma coisa que faça habitualmente depois de um rali: normalmente tenho pressa em regressar a casa. Mas dessa vez decidi ficar.”
Já na altura era um rali difícil?
JK: “Sim, foi muito complicado e técnico. Lembro-me das provas especiais serem muito estreitas: tínhamos que ser tão precisos e certeiros, também com as notas de andamento. Travamos um bom confronto com o Thomas Radstom que andava muito perto mas no final do dia ele teve um problema, penso que com o alternador, e por isso teve que parar. De qualquer forma, lideramos desde o princípio por isso fiquei muito feliz e fizemos um bom rali. Mas também foi bom termos que lutar forte pela vitória.”
Qual é a sua prova especial favorita?
JK: “Gostei de todas mas é da prova especial próxima de uma grande lagoa que me lembro melhor. Foi verdadeiramente espetacular, mas tem que se estar tão concentrado que mal tive oportunidade de ver a paisagem, apenas nos reconhecimentos. Tenho a certeza que ainda utilizam essa prova especial, afinal a ilha não é assim tão grande: nem consigo imaginar que tenham assim tantas provas especiais diferentes que possam utilizar.”
Como é que encarou o desafio das condições meteorológicas açorianas?
JK: “Isso foi algo que foi absolutamente incrível. Andei constantemente a tentar perceber se o nevoeiro vinha do mar ou se das nuvens na montanha, mas de qualquer forma, foi o nevoeiro o grande desafio, especialmente pela manhã. Mas depois e apenas alguns minutos mais tarde, surgia-nos um sol brilhante. Temos que estar preparados para tudo. O rali foi em dois dias mas pareceu ser uma vida inteira.”
E como este o seu carro no rali?
JK: “Tivemos um Subaru Impreza WRC, não com as mais recentes especificações, portanto estava habituadíssimo a conduzi-lo e não tivemos problemas. O Subaru foi um dos meus carros preferidos porque é tão fácil de conduzir, tudo acontecia de forma muito natural e foi, decididamente, uma grande ajuda nas especiais estreitas nos Açores.”
Que conselho daria aos pilotos que irão participar no rali?
JK: “Acima de tudo que se divirtam. As provas especiais são fantásticas e é sempre um prazer enorme conduzir um carro de rali. E como sempre, temos que nos lembrar que para terminar primeiro, primeiro temos que terminar.”