* O líder do ERC também lidera no terreno
* Robert Kubica capota na prova especial do fim do dia
* Chuva e nevoeiro afectam a realização das Sete Cidades
PONTA DELGADA (Açores): O atual líder do Campeonato FIA da Europa de Ralis (FIA ERC), Jan Kopecký, tripulando um Skoda Fabia S2000 é também o atual líder da 48.ª edição do SATA Rallye Açores, cumprido que está um dramático segundo dia.
Kopecký chamou a si a liderança na prova na quarta especial do dia, Sete Cidades, quando o mais rápido até então, Robert Kubica, cedeu perante o muito nevoeiro que se fazia sentir caindo na classificação em mais de 1m 9s para o seu rival. Até então Kubica havia sido o mais rápido até então, vencendo cinco provas especiais de classificação desde o inicio do rali, mas admitiu que naquela PE havia sido “cuidadoso” com o nevoeiro.
No fim, isso fez a diferença. Kopecký continuou a liderar no terreno desde aquele momento até que Kubica capotou o seu Citroen DS3 RRC na prova especial do final do dia, Feteiras 2. Embora o carro tenha sofrido danos significativos, ele conseguiu chegar até ao final da prova especial e ainda completar a secção terminando o dia em oitavo da geral.
Entretanto, uma série de tempos rápidos do irlandês Craig Breen consolidaram o segundo lugar enquanto um trio de pilotos portugueses digladiaram-se pelo terceiro lugar. Bernardo Sousa foi o mais rápido nos 23,97 km das Sete Cidades mas foi Bruno Magalhães em Peugeot que foi o mais consistente subindo à terceira posição, à frente de Ricardo Moura e depois Sousa.
As desistências de maior vulto do dia incluem Jan Cerný que sofreu de problemas de motor no seu carro para depois bater; Jaroslav Orsák, que na altura liderava a Taça de Produção e a líder na Taça das Senhoras, Molly Taylor. Todos eles abandonaram na primeira passagem por Sete Cidades.
Com muito nevoeiro a afetar a montanhosa zona oeste de São Miguel, a organização tomou a decisão de não fazer disputar a segunda passagem por Sete Cidades – encurtando o traçado uma vez mais. Foi esta a decisão que provavelmente salvou Kubica que não teve que cumprir a especial com o carro danificado.
O dia 2 tal como aconteceu
As autoridades locais e os oficiais do SATA Rallye Açores trabalharam durante a noite para restaurar algumas partes mais danificadas dos troços do primeiro dia e, depois de um primeiro dia mais curto de prova, todos os 37 concorrentes que nesse dia alinharam à partida, também o fizeram no segundo dia. As condições meteorológicas ainda melhoram no princípio do dia mas a chuva e o nevoeiro chegaram pela altura da realização da primeira passagem das Sete Cidades, numa altura bastante crítica.
As melhorias de condições da manhã refletiram-se em tempos mais rápidos na primeira especial do dia, a segunda passagem por Lagoa, onde Kubica e o seu Citroen DS3 RRC dilataram a sua vantagem sobre Kopecký, no Skoda Fabia S2000. Mas nem tudo correu bem no campo da Skoda, com Jan Cerný a parar a meio da prova especial cerca de 4 minutos com problemas de alimentação, antes de recomeçar.
Cerný perdeu mais um minuto na PE6, Batalha Golfe, onde Kopecký ficou ainda mais próximo de Kubica, perdendo a especial por apenas 0,1 seg. Assim, estes dois concorrentes partiram para a primeira passagem por Feteiras apenas separados por 11,1 segundos.
Kopecký voltou a encurtar a distância (para 4,9 s) registando o tempo mais rápido, apesar de problemas com os intercomunicadores, 5,3 seg à frente de Moura e com Kubica a terminar em terceiro fruto de furo nas rodas da frente. Sousa e Breen também viram os seus pneus padecerem de furos devido às estradas escorregadias.
As espetaculares Sete Cidades percorridas nos 23,97 km de extensão da cumeeira de um vulcão extinto são a imagem de marca do SATA Rallye Açores e, como sempre, provam ser cruciais. O denso nevoeiro e a muita chuva que se abateu tornaram muito difíceis as condições de condução e Kubica deixou-se afetar por demais, decidindo que a precaução era a melhor abordagem.
“Eu não consegui ver e durante mais de 80% da prova especial apenas limitei-me a guiar para chegar ao fim”, disse. “Em ralis, deve-se sempre impor ritmos fortes mas eu penso que tomei a decisão correta em não arriscar. Se arriscasse, poderia até ter sido 20 ou 30 segundos mais rápido, mas tudo teria sido mais difícil”.
O resultado cifrou-se numa perda de 1m e 9s e a perda da liderança do rali para Kopecký, descendo na classificação para o 6.º lugar à geral. O mais rápido na especial foi Bernardo Sousa com Bruno Magalhães a terminar em segundo e Craig Breen a consolidar a sua segunda posição à geral, ao ser o terceiro mais rápido.
O mau dia de Cerný finalmente terminou com um toque numa berma, partindo uma das rodas da frente enquanto o líder da Taça de Produção ERC também bateu. A prova terá sido parada quando Hermann Neubauer (Suzuki Swift) bloqueou a estrada e vários outros concorrentes, incluindo a titular do Troféu ERC das Senhoras, Molly Taylor, saíram de estrada.
As primeiras duas especiais depois da paragem no Parque de Assistência pouco modificaram as posições com Kopecký e Kubica separados por apenas 0,9s na primeira (atrás ficaram Sousa e Breen) e depois Kubica volta a ser o mais rápido na segunda mas apenas por 0,5 seg.
Mais atrás, o alemão Mark Wallenwein chamava as atenções, ao capotar com o seu Skoda Fabia S2000 na primeira prova especial após salto, lutando depois ao segundo para manter-se de novo no ritmo, apesar dos danos sofridos na direção.
Com o nevoeiro a baixar outra vez, a PE11 Feteiras 2, mostrou-se decisive. Craig Breen foi o mais rápido à frente de Bernardo Sousa com Kopecký a passar também de forma segura mas Kubica, ao cortar demasiado numa cruva, capotou com o Citroen danificando severamente a frente esquerda. Ele conseguiu levar o carro até ao fim da especial, fez ligeiras reparações e continuou, ainda que de forma mais lenta, para a ligação.
Felizmente para ele que aquela acabou por ser a última especial do dia. Com o nevoeiro a piorar e a complicar as condições nas Sete Cidades, a organização resolveu cancelar a prova especial e todas as restantes equipas dirigiram-se ao Parque de Assistência em Ponta Delgada.
Amanhã:
O terceiro e último dia do SATA Rallye Açores levará os condutores à parte nascente de São Miguel e para algumas das zonas de maior altitude da ilha, com picos a atingirem os 1105 metros. É também o dia mais extenso do evento com 111,15 km de provas especiais de classificação.
A prova especial mais importante do dia é a Tronqueira (21,33 km) que será percorrida por duas vezes, sendo a segunda e última especial da etapa. A primeira passagem será transmitida em direto pela Eurosport e pela RTP Açores e os entusiastas terão oportunidade de ver o vencedor do rali ser anunciado, também na Eurosport, aquando da segunda passagem.
Tronqueira é uma dos sete troços a percorrer nesse dia, onde se incluí também a segunda passagem pela Super Especial Grupo Marques, em repetição do primeiro dia.
Os acontecimentos decisivos do último dia começam pelas 07H50 com a primeira prova especial marcada para as 09H20. Os vencedores do rali serão recebidos em festa pelas 19H15 (hora local) com a tradicional cerimónia de pódio a realizar em Ponta Delgada.
Classificação provisória após a PE11 (top ten)
1: Jan Kopecký (CZE)/Pavel Dresler (CZE) Skoda Fabia S2000 1h 05m 11.9s
2: Craig Breen (IRL)/Paul Nagle (IRL) Peugeot 207 S2000 1h 05m 25.0s
3: Bruno Magalhães (PRT)/Nuno R da Silva (PRT) Peugeot 207 S2000 1h 05m 45.8s
4: Ricardo Moura (PRT)/Sancho Eiró (PRT) Skoda Fabia S2000 1h 05m 47.4s
5: Bernardo Sousa (PRT)/Hugo Magalhães (PRT) Ford Fiesta RRC 1h 05m 48.0s
6: Jérémi Ancian (FRA)/Giles de Turckheim (FRA) Peugeot 207 S2000 1h 07m 12.9s
7: Jean-Michel Raoux (FRA)/Francis Mazotti (FRA) Peugeot 207 S2000 1h 09m 18.1s
8: Robert Kubica (POL)/Maciek Baran (POL) Citroen DS3 RRC 1h 10m 22.3s
9: Miguel Barbosa (PRT)/Louis Ramalho (PRT) Mitsubishi Lancer Evo IX 1h 11m 13.5s
10: Antonín Tlusťák (CZE)/Lucas Vyoral (CZE) Skoda Fabia S2000 1h 12m 07.4s
* Por favor tenha em consideração que todos os horários apresentados referem-se à zona horário dos Açores, que corresponde a menos duas horas da Hora da Europa Central (CET)